A cópula

Não costumo postar poemas de terceiros, mas dessa vez me obrigo a fazer:

Depois de lhe beijar meticulosamente
O cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce,
O moço exibe à moça a bagagem que trouxe:
Colhões e membro, um membro enorme e turgescente.

Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinênti,
Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se.
Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alteou-se
E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente

Que vai morrer: – “Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!”
Grita para o rapaz que, aceso como um diabo,
Arde em cio e tesão na amorosa gangorra

E titilando-a nos mamilos e no rabo
(Que depois irá ter sua ração de porra),
Lhe enfia cona adentro o mangalho até o cabo.

Manuel Bandeira

Cria

A noite vira o dia
E os erros ficam no passado
Pobre garota
Suas roupas quase abertas chamaram atenção

Um só não bastou
Bastou à noite virar dia
E se fundir tudo em um só
Raiou o sol sujo de sangue

A hipocrisia cresceu
Pobre ex-virgem
Seus ideais inexistentes de família pobre
Não funcionaram

O bolsa família
Pode ser que ajude
Um a mais um a menos

Revire o seu sangue fervente
Pobre ex-virgem
Bastou da sexta pro sábado
Arremataram-lhe seu ânus

Borraram sua maquiagem exacerbada
Manchada em sua face, o que sobras de ti?
A violação do corpo foi feita
E basta o período, para perceber que o sangue não cairá por terra

E a cria já maltratada
Cairá por mágoas terrâneas

Contemplação total, asas, ursos e água

Um dos meus antigos poemas surrealistas:

Eu contemplava em minha paz imensurável
As estruturas de concretos
Compuseram-se asas em mim
As estruturas de concretos viraram água

Em uma onda gigante  que alastrou toda a cidade
Sem ter o que contemplar
Voei para as colinas
Que também viraram água

Agora eu contemplava os ursos marítimos que surgiram
Eles lutavam entre si
E nadavam na velocidade da luz
Eles lutaram entre si

Até que sobrou um deles
Que morreu de velhice
E eu não tive mais nada para contemplar
Só água

Capaz de todas as proezas

Se de pureza e simplicidade
Vivo da mais imensa felicidade
E quanto mais se completa o meu viver
Mais eu tenho de lhe querer

Com palavras singelas
Vou falando do amor
Surgindo o que for
Sem ou com palavras belas

A rima é fraca
O poema também

Alguns versos nem rimam
Outros fazem até demais
Mas o importante é o amor
Da minha pessoa pela noite

O ciúme é explicado
E de brigas e sorrisos
Vamos se endireitando

Ah! Esse é o amor, inexplicável
Se em cinco minutos estávamos brigando,
nem cinco, nos reconciliamos

E assim, vai aumentando o desejo
Desejo não pela noite
Desejo de passar a eternidade do lado dessa

Cinco horas com ela, o mesmo que cinco minutos
Cinco minutos sem, o mesmo que cinco horas

E assim é o amor
Feito água, capaz de derrubar pedra
Capaz de amolecer a terra
Capaz de causar vento
Capaz de apagar o fogo
Capaz de todas as proezas

E assim é o amor
Capaz de todas as proezas

Todos os direitos reservados a Kerollyn Tuller

Começando o dia!

Para começão o dia, o poema que tentei escanear e não deu, vai digitado mesmo (no papel ficou mais legal):

Poetas grandes e menores
Acompanhado de trocadilho e métrica ruim

É relativamente fácil descrever um poeta, basta ler todos os poemas dele, analisá-los um a um e dar o veredicto.
Veredicto do latim “Veredictum”, “verdadeiramente dito”, então cuidado, pois se errar no veredicto, não será mais verdadeiramente dito.
Poetas são assim, ora escrevem em posa
Ora em versos

Ora muda de estrofe
E de repente bagunça todo o papel

Poeta ora escreve com métrica
Poeta ora escreve sem métrica
Nenhuma

E volta para a prosa, se deliciando em palavras simples, e tentando criar um texto formidável.
E poeta não escolhe a hora de usar parágrafo, nem a hora de escrever certo, vai saindo tudo assim, bem jogado.
Há poetas que trabalham por dias em um poema, há poetas como eu, que não escreve poemas.

Então como definir um poeta?
E poesia, tem definição?

Poeta gosta de ver a folha cheia, poeta é assim mesmo, todo escrevedor e inventor de palavras, poeta nem sabe o que faz, por isso digo que não escrevo poesia.
Há poetas e poetas, desde os grandes aos menores, Vinicius e Manuel eram menores, eu sou grande.
Tem poeta que recita, poeta que canta, poeta que le e critica e poeta que faz tudo isso
Mas ainda não sei, o que é um poeta?
E o que é uma poesia?

Ponto final, dessa vez escrito e acompanhado de vírgula